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Arena Carioca Dicró

A Arena Carioca Dicró é um equipamento cultural municipal, localizado na Penha (Parque Ary Barroso) e cogerido pela Secretaria Municipal de Cultura e o Observatório de Favelas. Desde 2012, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, viemos nos dedicando à produção, à difusão, à formação e à mobilização cultural, atuando especialmente como plataforma de fomento e promoção de culturas independentes e periféricas.

Temos como objetivo principal garantir que a Arena Dicró seja um espaço público cultural acima de tudo de convivência e sociabilidade, realizando, recebendo e fomentando eventos e processos artísticos no campo das artes a preços acessíveis aos moradores da região da Penha e adjacências. Nossa metodologia de trabalho compreende uma gama de atividades distribuídas em sete eixos, que atendem diretamente nosso desejo de atingir os objetivos com os quais estamos comprometidos. Importante destacar que, ao longo da pandemia de COVID-19, além de termos transposto parte substancial da programação para a virtualidade, a partir da Arena Carioca Dicró, garantimos amplos suportes humanitários para artistas e trabalhadores da cultura que orbitam no cotidiano do equipamento cultural e, ainda, beneficiamos públicos diversos atendidos por instituições parceiras atuantes principalmente nos Conjuntos de Favelas da Penha e do Alemão. Ao longo de todos esses anos, atendemos cerca de 524 mil pessoas.

A partir da Arena Carioca Dicró, ao longo de todos esses anos, foram criadas iniciativas, projetos e programas que reiteram nosso compromisso com a gestão do equipamento cultural em profunda sinergia com as demandas territoriais e, ainda, especialmente, de trabalhadores da cultura moradores e/ou oriundos de favelas, periferias e subúrbios do Município do Rio de Janeiro e, em extensão, da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

– Residências Artísticas
Desde 2014, a partir da Arena Carioca Dicró, temos desenvolvido experiências de residências para artistas majoritariamente oriundos de favelas, subúrbios e periferias da cidade e da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Este processo se inaugura com o antigo Fomento da Prefeitura do Rio de Janeiro que nos possibilitou constituir, a partir de um equipamento cultural e na parceria com o Grupo Teatro da Laje, um espaço de formação artística para atores e atrizes moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro, que ficaram por três anos recebendo bolsas de R$ 1000 mensais para viverem esta experiência. Hoje, parte deste grupo de pessoas, ingressou em outros grupos de teatro, parte segue com o Teatro da Laje e parte ingressou à Universidade – tendo algumas pessoas já formadas e que inclusive retornaram à Arena Carioca Dicró como professoras ao longo das suas graduações, a partir do projeto de extensão Teatro em Comunidades, da UNIRIO. Dados indicativos do espaço formativo que constituímos serem degraus para o fortalecimento de trajetórias artísticas para jovens, especialmente moradores de territórios populares.

O Mapeamento das Residências Artísticas no Brasil, realizado pela Funarte em 2014, registrou 191 Residências Artísticas no país, tendo 58% concentradas no Sudeste e 12% delas no estado do Rio de Janeiro. Apesar disso, apenas uma experiência foi registrada na zona norte da capital fluminense.

Na contramão dessas constatações, a Arena Carioca Dicró, espaço cultural público inaugurado em 2012 e cogerido pelo Observatório de Favelas e pela Secretaria Municipal de Cultura, vizinho do Conjunto de Favelas da Penha, tem estruturado desde 2016 o eixo Residências Artísticas, contínuo, multilinguagem e gratuito, que já atendeu cerca de cem projetos de curta, média e longa duração, beneficiando centenas de trabalhadores da cultura com espaço físico, recursos e visibilidade para seus processos e resultados.

A centralidade do Programa de Residências Artísticas na estratégia e gestão cotidiana da Arena Dicró é uma aposta radical no fomento a projetos artísticos protagonizados majoritariamente por pessoas moradoras das favelas e subúrbios da cidade, bem como da Baixada Fluminense. Assim, essas pessoas e seus territórios ocupam a programação do espaço cultural não apenas com o papel de espectadores. É um gesto que afirma estes projetos culturais como protagonistas das programações artístico-culturais disponíveis para os públicos, contribuindo de forma singular com a ecologia cultural da cidade, com um fazer artístico intimamente referenciado em suas corporeidades, territórios e cotidianos.

Graças aos projetos de incubação, desenvolvidos dentro do programa, em parceria com iniciativas como o Leopoldina HipHop, a Etnohaus, o Oi Futuro, o Rock no Parque e o Be Flawless, a classe artística do subúrbio da cidade vem tendo condições de se reciclar, aprimorar seus recursos expressivos, ampliar seu repertório e definir a natureza e peculiaridade de seu projeto artístico: a contribuição singular e original que tem a dar para a ecologia cultural da cidade.

Em 2022, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, foram realizados 5 editais para participação nas Residências Artísticas da Arena Carioca Dicró, nos quais se inscreveram 163 projetos e foram aprovados 26. Foram oferecidos na forma de recursos financeiros para apoio e participação quase R$ 20.000 e a partir das Residências realizamos 50 atividades e reunimos mais de 1k pessoas. No que concerne ao perfil do público beneficiado, a partir dos formulários de inscrições, temos que essas pessoas são majoritariamente artista, jovens, identificam-se como pretas e são moradoras da zona Norte da cidade. Cabe destacar a participação paritária de homens e mulheres, com destaque para a expressiva participação de pessoas não binárias ou transgêneras em todos os processos seletivos. (2014 – até hoje)

– Curso de iluminação e sonorização
Com duração de 3 meses, o curso básico em sonorização e iluminação foi realizado na Arena Carioca Dicró em 2017 para iniciantes, já atuantes ou não
no meio cultural, a fim de colaborar com o processo de formação dos agentes de cultura e da manutenção das cenas independentes, onde um mesmo profissional precisa entender um pouco de todas as funções.

Durante o percurso formativo os participantes foram apresentados aos sistemas operacionais de som e luz, e tiveram a oportunidade de descobrir na prática como funcionam os bastidores de um grande teatro. Os alunos também colaboram com a montagem e a operação de som e luz nos projetos Sextas da Casa e Lá Fora. Essa é uma aposta na dimensão ampla que um equipamento cultural pode assumir, oferecendo atividades formativas ligadas a cadeia produtiva da cultura e beneficiou diretamente cerca de 20 pessoas. (2017)

– Seminário O valor do Encontro
O Seminário “O valor do Encontro – Desafios e Perspectivas sobre Gestão Cultural hoje” foi realizado em 2020 pelo Observatório de Favelas, a partir da cogestão da Arena Carioca Dicró, em parceria com o Curso de Bacharelado Engenharia de Produção com ênfase em Cultura, da UNIRIO. Sua construção atendeu diretamente ao nosso desejo de sistematização e reflexão sobre metodologia de gestão cultural constituídas a partir de favelas e periferias. O Seminário, com participações de acadêmicos, gestores e curadores (à saber: Lia Calabre, Keyna Eleison, Pablo Lafuente, Carlos Gradim, Ana Paula Lisboa, Ana Luísa Lima, Vicente Nepomuceno e Márcio Black) foi realizado no aplicativo Zoom e teve mais de 100 inscrições para participação síncrona, principalmente de estudantes e pesquisadores de Produção Cultural. Os vídeos, disponíveis no Youtube da Arena Dicró, já reúnem quase 650 visualizações.

Além disso, o Seminário foi um ensaio para o Curso Engenharia Cultural, também em parceria com a UNIRIO, que aconteceu nos anos 2021 e 2022, e é parte do histórico esforço do Observatório de Favelas em aproximar a academia e os territórios populares, possibilitando a troca de experiências e saberes. (2020)

– Curso Engenharia Cultural – Como práticas de gestão podem impactar territórios?
O curso “Engenharia Cultural: Como práticas de gestão podem impactar territórios?” foi realizado no primeiro semestre de 2021, em parceria com o curso Curso de Bacharelado Engenharia de Produção com ênfase em Cultura, da UNIRIO, e é fruto de mobilizações e diálogos constantes sobre a necessidade de práticas e projetos que possam transformar realidades, territórios, produzir conhecimentos e alargar horizontes a partir da perspectiva
da gestão cultural de base territorial. O curso reuniu professores com origens e atuações diversas, com ampla atuação teórica e/ou prática, e se destinou a trabalhadores da cultura com alguma experiência em gestão. Sua primeira edição foi integralmente online, realizada com recursos da co-gestão da Arena Carioca Dicró junto à Secretaria Municipal de Cultura, e contou com mais de 500 inscrições, atendendo a 20 gestores do Brasil e servindo como ponto de partida pela oportunidade de reunir grandes nomes da gestão cultural no país debatendo temas tão urgentes no cenário de produção e cultura, principalmente em territórios periféricos.

Em 2022, o curso cresceu. Com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, foi realizado no contexto do projeto Culturas de Periferia, com duração de 60h em formato híbrido (online e presencial). Tivemos 114 inscrições e formamos 20 pessoas. As atividades presenciais aconteceram na Arena Dicró e além dos participantes do curso, a atividade mobilizou cerca de 27 docentes, atuantes na gestão pública, no mercado cultural, na sociedade civil e em universidades. Como resultado do percurso, a certificação da UNIRIO pela conclusão do curso de extensão além de uma potente rede de trocas, afetos e colaborações fortalecendo as atuações individuais e coletivas de realizadores culturais da nossa cidade. (2021 – 2022)