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Memória de lutas e não de flores

Todo ano, 8 de março, as floriculturas, perfumarias, joalherias celebram período fértil de vendas. Assim como outras datas de valor cultural, o Dia Internacional da Mulher também amarga a concorrência de sua memória com o comércio. Pouco se fala do que teria motivado a criação da data que, quase um século depois, se confunde com bombons e flores perenes. A conquista do voto, a luta por salários mais igualitários, a luta contra a violência, o machismo, dentre outras questões relevantes acabam se dissolvendo em programas de televisão, lembrancinhas e rosas.

Por mais oportuno que seja o gesto de carinho, a data simboliza questões que transcendem os elogios. A nossa luta é pela memória das 125 mulheres mortas no incêndio da fábrica têxtil Triangle Shirtwaist, quando protestavam contra as más condições de trabalho; a nossa luta é por uma publicidade criativa, que afirme valores; a nossa luta é por uma representação honesta que explore as inúmeras possibilidades profissionais de uma mulher negra.

O Notícias e Análises de março celebra de fato o mês da mulher. Para essa edição do Boletim, conversamos com algumas mulheres que protagonizam ações voltadas para valorização. Um ponto crucial na busca pela equidade de direitos é a representatividade, um campo de disputa acirrada. Uma das matérias dessa edição é sobre o filme KBELA e a importância de mulheres fazerem cinema, o que proporciona uma representação mais autônoma. Vale lembrar que ser mulher vai além de fatores biológicos. A cultura é talvez um dos pontos mais significativos para avançar na diminuição das desigualdades. A interseção das desigualdades de gênero, raça, sociais ganha um espaço para o enfrentamento das violências e discriminações. No filme KBELA, que além de ter a equipe formada em sua maioria por mulheres negras, há também uma mulher trans negra no elenco, engrossando o caldo ainda mais.

No mês de março, as meninas do Roque Pense organizaram a terceira edição do festival de Rock. Na contramão dos esteriótipos, o festival foi inteiramente formado por bandas de mulheres ou com ao menos uma integrante no grupo, fortalecendo a representatividade feminina em um gênero musical constantemente protagonizado por homens.

Buscando valorizar a beleza da mulher negra, formandas da primeira turma do Agência de Redes para Juventude da Pavuna realizaram a Feira-Crespa na Arena Jovelina Pérola Negra. Um evento na periferia que valoriza as raízes étnicas e capilares.Somando forças à causa, a ESPOCC – Escola Popular de Comunicação Crítica, projeto do Observatório de Favelas criou a campanha “Você pode!”. Com o objetivo de trabalhar o empoderamento feminino e fortalecer o Disk 180, canal criado pelo Governo Federal para denúncia de agressões à mulher, a campanha é composta por fotos de mulheres de território populares, ativistas e que carregam o espírito de liberdade, luta, engajamento, resistência e felicidade.

Há quase um século, o movimento feminista ganhava corpo e de lá pra cá foram muitos avanços. Hoje as conquistas significam a importância da organização e de não cessar a luta. Assim, esse boletim pretende contribuir para a conscientização e resistência contra quem insiste em dizer que conquistamos todos os direitos. Apesar do avanço, avançaremos ainda mais! Viva as mulheres de todo o mundo!

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