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Mapa Social do Corona revela desigualdade na vacinação no Rio

Dados apontam que os impactos da pandemia se prolongaram por mais tempo nas periferias e favelas da cidade

A 12ª Edição do Mapa Social do Corona que tem como título “Desigualdades urbanas da vacinação no Rio de Janeiro e a potência das periferias para sua reversão”, revela que as favelas cariocas demoraram mais tempo a superar os impactos da pandemia, do que outras regiões da cidade. Lançada pelo Observatório de Favelas no último dia 02, a atual edição do mapa faz parte de um novo ciclo de publicações já considerando a fase atual da pandemia no Rio de Janeiro. Além da vacinação, também serão publicados estudos sobre os seguintes temas: Redes de solidariedade, Trabalhadores da cultura e da Educação.

Passados cerca de um ano e meio após a última edição do boletim Mapa Social do Corona (Acesse todas as edições AQUI), publicada em dezembro de 2020, retomamos os esforços analíticos sobre o avanço da Covid-19 e as ações de solidariedade, concentrando nosso enfoque na perspectiva das favelas e territórios populares da cidade do Rio de Janeiro. Nosso objetivo é lançar luz sobre o cenário da atual fase da pandemia, cujos impactos continuam a atingir especialmente as populações negras e favelizadas.” – destaca Lino Teixeira – pesquisador do eixo de Políticas Urbanas do Observatório de Favelas.

A diferença existente na taxa de vacinados com a primeira dose nas Zonas Norte e Oeste, onde há predominância da população preta, e Zona Sul e Centro, revela desigualdades socio-raciais presentes na cidade. Segundo o estudo, regiões do Grande Tijuca e Zona Sul obtiveram índices na faixa dos 95% quanto ao número de vacinados com ao menos uma dose. Enquanto que, as outras regiões da cidade não passaram de 78%. A discrepância se mantém quando são consideradas as taxas de segunda dose. Nas áreas correspondentes aos bairros centrais, cerca de 70% dos moradores completaram o ciclo de imunização, por sua vez na periferia, há bairros que não alcançaram os 50%.

De acordo com o Mapa, muitos fatores podem ajudar a entender o resultado desigual da vacinação na cidade. Entre elas a precarização de serviços públicos, campanhas de desinformação, atrasos no plano de vacinação e as próprias desigualdades históricas que afastam moradores de favelas e periferias dos equipamentos e serviços públicos.

Os piores índices de vacinação foram registrados no extremo da Zona Oeste do município, mais próximo da região de Santa Cruz. Na região, 72% da população foi imunizada com a primeira dose, 47% com a primeira dose de reforço e somente 21% com a segunda dose de reforço. Lá, a população negra varia entre 64,1% e 82,63%. 

Em comparação à Zona Sul, que compreende bairros como Ipanema, Leblon e Leme, 96% da população foi imunizada com a primeira dose, 70% recebeu a primeira dose de reforço e 35%, a segunda dose de reforço. Nesses locais, a população negra não passa de 25%.

Ainda segundo o relatório, os dados mostram que “a dimensão racial é indissociável da explicação sobre a distinção corpórea e territorial de direitos na cidade do Rio de Janeiro, evidenciada, novamente, durante a fase de vacinação contra a Covid-19″.

A quantidade de moradores imunizados nos bairros da Zona Sul e do Centro refletiu diretamente nos índices de óbitos por covid. Segundo o mapa, durante os primeiros meses de vacinação, esses territórios apresentaram taxas de 70 a 90 mortes a cada 100.000 habitantes. Números menores que os registrados nos bairros da Zona Norte e Oeste, que foram de 110 a 130 óbitos por 100.000 habitantes. 

Com base nos dados de vacinação e de óbitos nas duas regiões, o boletim faz a seguinte observação: 

Se é possível afirmar, conforme destacamos na primeira edição do Mapa Social do Coronavírus, que a pandemia inicia sua cadeia de contágio da Zona Sul carioca e se espalha posteriormente para as regiões norte e oeste, também é possível observar, inversamente, que os impactos e as sequelas da Covid-19 se prolongam mais e demoram a terminar nos territórios populares e periféricos da cidade

Por outro lado, o Mapa Social do Corona mostra como uma campanha de vacinação coordenada de forma adequada por organizações da sociedade civil e poder público é capaz de mudar cenários. A campanha Vacina Maré, que recebeu destaque no estudo feito pelo Observatório de Favelas, imunizou cerca de 96% dos moradores adultos da região, o que concedeu à Maré o menor índice de mortes da cidade em Agosto de 2021, taxa superior a bairros ricos da cidade. A campanha iniciada no mês anterior, tinha a pretensão de vacinar 31 mil moradores maiores de 18 anos com pelo menos uma dose do imunizante Astrazeneca. A vacinação foi seguida de um estudo sobre a eficácia da vacina nos moradores, a qual teve a Fiocruz liderando a investigação. 

O estudo do Observatório de Favelas conclui que a superação da pandemia passa por ações estratégicas entre poder público e sociedade civil, porém, elas precisam considerar o protagonismo dos moradores de periferias e favelas na sua composição. E, que experiências como as da Maré, apesar de serem apenas localizadas, refletem na vida na cidade como um todo.

O Mapa Social do Corona é parte do projeto Estratégias de pesquisa, comunicação e incidência: Campanha “Como se proteger do coronavírus” e Mapa Social do Corona contemplado na Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à COVID19 nas Favelas do Rio de Janeiro, desenvolvido em parceria com a Fiocruz. Clique AQUI e acesse a 12a. Edição do Mapa Social do Corona Completa.

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