Rio de Janeiro – No último domingo, 08/01, exatamente 1 semana após a posse do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, grupos bolsonaristas desembarcaram na Praça dos Três Poderes, em Brasília, protagonizando de maneira explícita e violenta, ataque e desprezo pelas instituições democráticas deste país e pela decisão da maioria do povo brasileiro.
Congresso Nacional, Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal foram cenários de destruição do patrimônio público, desrespeito ao documento da Carta Constitucional, depredação de obras de arte, dentre tantos outros atos de barbárie.
Para além da afronta ao poder constituído e ao resultado legítimo das eleições, tais ataques, por seu conteúdo nitidamente antidemocrático, representaram a reafirmação de um projeto classista, racista, misógino, LGBTQIA+fóbico, em tudo excludente, que nos últimos anos se consolidou no país e que ameaça gravemente a democracia e a própria existência da grande maioria de nossa população.
Após tamanha violência e na certeza de que há muito ainda pelo que se lutar, cabe a nós, sociedade civil, não apenas cobrarmos das autoridades públicas a apuração e responsabilização de todos os envolvidos em tais ações criminosas, incluindo organizadores e financiadores, mas também pressionarmos para que todas as instituições, sem exceção, cumpram com o papel constitucional que lhes fora designado. É inconcebível que um ato de tamanha proporção não tenha sido impedido pelas forças de segurança pública que atuam no Distrito Federal. A leniência com que foram tratados os grupos golpistas indigna não apenas pelo fato em si, mas, igualmente, pela diferença absolutamente radical de atuação demonstrada historicamente por estas forças em territórios favelados e periféricos, onde negros e negras são maioria.
Para nós do Observatório de Favelas, que temos como princípio fundamental o fortalecimento da democracia, é urgente que atentados como os ocorridos no dia de ontem não passem impunes! É preciso que haja a devida responsabilização legal aos indivíduos e grupos envolvidos nos referidos ataques. Somando-se a isto, também não se poderá perder de vista a necessidade de ações articuladas junto à sociedade civil, em diferentes campos e níveis de atuação, visando à construção de uma democracia efetiva que faça jus a seu nome.
SEM ANISTIA PARA QUEM ATACA A DEMOCRACIA!
